É, eu diria mesmo que nossa vida é como uma grande viagem de
trem, diria mais, que durante nossa vida viajamos por vários trens, descemos em
várias estações, passeamos por vários vagões, nos aproximamos e nos afastamos
de muitas pessoas...
Depois de tantos “bom dia”, “boa tarde”, o “adeus” fica até
preso na garganta... Mas despedidas fazem parte das nossas vidas, e por isso
devemos estar sempre preparados pra elas...
Há três anos eu embarcava no trem de Motuca, mas
precisamente no vagão da Educação, durante o primeiro ano fiquei nas poltronas
próximas aos amigos das escolas Adopho e Maria Luiza, foram bons tempos
aqueles... Então precisaram remover poltronas deste local e ainda inseguro,
tive que mudar meu assento, não por vontade própria, mas por imposições que a
vida nos coloca, mas supreendentemente encontrei uma poltrona bem confortável
no Projeto, para onde também vieram outros que também estavam do outro lado do
vagão, alguns deles que mesmo estando perto eu nem tinha contato... Bem, do
lado de cá do vagão, onde ainda estou me senti em casa, ou fiz daqui a minha
casa, me senti confortável, fiz amigos, vivi muitos bons momentos, aqui
consegui fortalecer o meu desejo de ficar, embora a lógica que indicava que o
melhor era partir, mas ninguém quer partir, quando se tem do seu lado pessoas
das quais você gosta de estar perto...
E assim outros dois anos, com encontros e despedidas se
passaram, gente chegando, gente partindo, até que chegou o momento muito
esperando pela maioria, o momento da grande reforma, vi durante algum tempo
pessoas querendo mudar a cor do trem, outras achando que deveriam manter, e
eu... Bem eu ainda que em silencio já me preparava para a descida, não por
defender uma cor ou outra, mas por entender que existe um tempo para cada
coisa, e eu não estava dedicando tempo suficiente pra mim mesmo, a minha
decisão já estava tomada, embora sabia que a manutenção da cor dificultaria um
pouco a minha descida ou pelo menos dificultaria uma nova subida caso assim o
desejasse. Mas entre tantas virgulas, decidiram mudar a cor do trem e eu não
precisei mudar os planos, então os planos de descer virarão fato, e esta
decisão me levou a uma outra decisão, que tornou a minha quase vontade de desistir
da descida inviável, enfim, de bilhete para um novo trem em mãos e mochila nas
costas, era hora de partir, ainda que com o coração desejoso de ficar...
Então despeço-me do trem de Motuca, talvez um dia eu esteja
aqui na estação esperando novamente para entrar no trem, nunca sabemos os rumos
que nossa vida vai tomar, e espero que quando voltar, reencontre as pessoas que
sempre tornaram a minha viagem no trem de Motuca agradável.
Deixo Motuca com a certeza de que fui muito feliz ai durante
os 3 anos e 4 meses que ai estive!