Quando a vida virtual sobrevive a uma morte real

Você possui apenas aquilo
que não perderá com a morte;
tudo o mais é ilusão

Hoje com popularização da internet e principalmente a disseminação das redes sociais, a maioria das pessoas tem um perfil em alguma destas redes, seja Orkut, Twitter, Facebook ou qualquer outra, ou seja, é possível afirmar que quase todo mundo tem uma vida virtual, então com a noticia da morte de uma ex-aluna recentemente, e com a dor da perda de um grande amigo no final do ano passado, eu me coloquei a refletir, quando as pessoas morrem na vida real, sua vida virtual permanece lá, todo seu legado, sua história fica lá, pensando nisso corri no meu Orkut e procurei o perfil desta minha ex-aluna, que convivi durante muito tempo no núcleo, me lembro que brigamos até uma vez, mas o que fica na minha memória é aquela moça alegre, sempre sorridente, quando me lembro que passei por seu corpo já sem vida, sem saber de que se tratava dela, eu fico a pensar na fragilidade da vida, voltando ao assunto, corri ao Orkut e lá estava o perfil, com diversas mensagens de despedidas, e de pessoas prestando-lhe as ultimas homenagem, após isso fui então atrás do perfil de um grande amigo que perdi no final, lá estão post de muitas pessoas agradecendo por tudo que ele representou na vida deles, nossa amizade foi tão rápida quanto a sua morte, mas o pouco tempo que tivemos de contato foram trasnformadores, e o que pude perceber com post dos outros amigos dele, é que ele era aquela pessoa sensacional com todo mundo.
O que me despertou interesse foi uma noticia lida na UOL sobre o destino dos perfils de pessoas mortas no twitter, depois de ler esta matéria li uma série de outras que tratavam das outras redes de relacionamento, elas oferecem a opção de deletar o perfil ou mesmo tornar o perfil uma memorial a pessoa morta, para solicitar uma das duas coisas a família precisa entrar em contato através de formulário próprio, e comprovar a morte com certidão de óbito e alguns aceitam também uma reportagem sobre a morte da pessoa.
Neste momento surge uma questão, a quem é de direito decidir se o perfil deve permanecer ativo ou ser deletado? Nós do mundo virtual construímos uma família própria, muitas vezes independente da nossa família da vida real, e de repente o poder de tirar do ar o perfil de uma pessoa que gostamos fica nas mãos de uma pessoa que nem conhecemos, e que muitas vezes nem conhecia a vida virtual da pessoa, e portanto não tem idéia do que esta pessoa pode representar para inúmeras outras pessoas.
Em uma das reportagens que li, falava de uma pesquisa, onde minhas pessoas, as mais jovens, dizia que visitar o perfil de um morto trazia o mesmo sentimento de visitar a lápide, então, seria mesmo justo tirar isso dos amigos?
Acho que bom senso da família deveria falar mais alto, e deveriam solicitar transformar o perfil em memorial, não que eu pense que se deva alimentar esperanças, mas neste caso estamos falando de saudade, todos que me conhecem sabem que não acredito em nada após a morte, portanto eu de fato não acho que se deve alimentar esperanças, mas acho justo preservar a memória daquele que se foi, e é aqui que eu acho que entra a questão sobre o direito de deletar ou não, não penso que se deva manter o perfil pela pessoa que morreu, e sim pelas pessoas que ficaram viva, e para as quais a pessoa morta representou alguma coisa. Devo confessar que mesmo não acreditando em nada após a morte, eu escrevi um post de despedida ao meu amigo, sei que ele não vai ler, mas eu precisava fazer aquilo, não era pra confortar ele, mas era pra confortar a mim mesmo, e os outros diversos amigos dele que visitaria a pagina posteriormente, na verdade quando o fiz, muitos já o havia feito.
Quero portanto que este post sirva como meu testamento da minha vida virtual, peço a todos meus familiares que jamais matem a minha vida virtual, ainda que minha vida real cheguem ao fim. Meu blog representa o que sou, e quando eu morrer, minhas idéias e ideais não precisam morrer comigo.
Existem hoje alguns serviços para que você guarde suas senhas, como se fosse um cofre de um banco, para ser entregue a alguma pessoa que você definir, ou então seus familiares, caso o pior lhe ocorra e não dê tempo de falar as senhas, estes serviços são pagos, e em geral caros, não vou pagar nenhum serviço destes, não quero que ninguém tenha minhas senhas para apagar meus perfis, pelo contrario, quero que solicitem a permanência deles.
Um dos grandes problemas de se compartilhar as senhas ou mesmo usar estes serviços, está no fato de a outra pessoa poder responder os recados em nome da pessoa morta, como relata uma das reportagens que vi, onde uma pessoa respondia em nome do morto os recados de despedida, isso causa uma falsa ilusão de que a pessoa ainda está lá, fazendo as pessoas acreditarem numa coisa irreal, e isso não é justo com quem sente a dor da partida de alguém.
Quem quiser conhecer mais sobre estes serviços de armazenamento de senha podem conferir as reportagens que li, que estarão no final como fonte, existem diversas opções, uma delas é um serviço que dispara um email avisando sobre sua morte para os emails cadastrados, assim alguns desavisados não ficam mandando os tais scraps automático, ou mesmo mensagens de feliz aniversário, ou ainda, tente conversar como você depois da sua partida.
Ah, ainda em tempo, a maioria das redes sociais desativam os perfis se ficar muito tempo sem ser logado, desta forma, a única forma de eternizar o perfil seria os seus familiares solicitarem a rede social que tornem o seu perfil um memorial.
Gostaria de saber a opinião de vocês, o que pensam a respeito da continuidade da vida virtual diante da do fim vida real?

Fonte: http://uoltecnologia.blog.uol.com.br/arch2010-08-08_2010-08-14. html#2010_ 08-11_13_18_09 -140510286-0

http://tecnologia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2010/03/26/morte-na-vida-real-deixa-legado-virtual-sem-herdeiros.jhtm

http://tecnologia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2010/03/26/saiba-o-que-pode-ser-feito-com-o-perfil-de-quem-morre-e-conheca-servicos-alternativos.jhtm