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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Quando Estive de Cara com a Morte

 
Eu vi a cara da morte
E ela estava viva.
Cazuza

Há exatamente 1 ano, no dia 01 de Dezembro de 2009 eu vi a morte de perto, era uma terça-feira como tanto outras, estava naquela rotatória da rodovia dos trabalhadores que vai para Dobrada, esperava o João, um amigo chegar do trabalho, de dentro do carro observava o transito, quando veio um caminhão em alta velocidade, passou por cima do canteiro central da rotatória e foi aos poucos virando, até que com um barulho muito forte, chocou-se com o chão, ainda me lembro de ver as laranjas rolando pelo gramado.
Fiquei ali, parado sem reação, em estado de choque, por uns 5 minutos não consegui me mover, apenas ficava observando, em poucos minutos, o caminhão já estava rodeado de pessoas, mas eu ainda não conseguia me mover, até que o João chegou, conversou comigo e enfim consegui uma reação, sai do carro e fui até o acidente, o João como enfermeiro, ainda tentou ajudar, o homem tinha pulso, mas não durou muito para parar de vez.
Já havia visto muitos acidentes depois de acontecido, mas nunca presenciei um como desta vez, é muito difícil isso, compreender que do nada a vida se encerra, como que por capricho, em poucos segundos se encerra uma vida que durou 54 anos, era esta a idade do caminhoneiro.
Eu presenciei apenas o fim, mas sempre fico a pensar, como terá sido o começo da nova vida para a família dele, desde o momento em que receberam a noticia, como dói perder alguém.
Aquele dia talvez tivesse passado desapercebido, não fosse também este, o dia de uma grande perda para mim, neste dia a morte também levou uma grande pessoa para mim, meu amigo Raimundo Nonato, o conheci muito pouco, mas o pouco que o conheci foi o suficiente para torná-lo especial, acho que nunca encontrei na vida alguém com a calma dele, gostava muito de conversar com ele, seu otimismo era algo realmente contagiante, a sua história de vida já era um exemplo de que persistência é o caminho a seguir.
Fiquei muito triste por perdê-lo, e foi na verdade mais uma prova de que a morte é um tanto quanto cruel, e não escolhe quem vai com ela e quem vai ficar, Nonato era com certeza uma pessoa que mereceria ficar, mas infelizmente não podemos influenciar nas escolhas da morte.
Recebi a morte dele pela manhã, e carreguei a dor da perda durante todo o dia, e no final da tarde, como se a morte ainda quisesse dar o último recado, “eu vi a morte de perto, e ela estava bem viva”.
Viver é uma dádiva da qual devemos aproveitar dia a dia, não há créditos, não há méritos, ninguém vive por algum motivo, vivemos, simplesmente porque ainda não nos encontramos com a morte, aprendi desde esse dia, que não devemos temer a morte, porque temê-la não nos afasta dela, devemos portanto aproveitar ao máximo nossa vida, para que o dia que ela findar, tenhamos feito tudo aquilo que tivemos vontade, o problema maior não é morrer, e sim não viver, mas quantos de nós não está vivendo, será que você não é um deles? Pense nisso, a vida é cheia de recomeços, recomece sempre, pois um dia o ponto será final mesmo, e não haverá o que fazer.


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