Levei Luciana para casa, ela estava arrasada, disse a ela que não deveria chegar em casa daquele jeito, o marido poderia suspeitar de alguma coisa, ela então disse que ele estava viajando, pediu pra que eu subisse com ela, tinha medo do cunhado estar esperando por ela.
Quando saímos do elevador, quem esperava na porta dela era Julio, ela se surpreendeu, logo que aproximamos ele disse que precisavam conversar, ela nem deu ouvidos, acho que ela não suportaria uma conversa naquele estado, resolvi entrar na história, afinal de certa forma eu já estava envolvido:
- Julio, talvez não seja uma boa hora.
- Temos que acertar as coisas, sei que erramos, mas não posso pagar tão caro por isso.
Ela assustada indagou:
- Do que você está falando?
Eu não podia deixar aquela conversa estender mais ainda, mesmo sem saber do que ele estava falando, eu sabia que não era coisa boa.
- Julio, deixa ela descansar um pouco, ela precisa disso, amanhã vocês se falam.
- Eu quero ouvir o que ele tem a dizer.
-Amanhã a gente se fala Lú, não é nada demais não.
Eu percebi que ele estava mentindo, mas ele havia percebido que aquele não era um bom momento para a conversa que pretendia ter. Luciana entrou, e eu e ele entramos no elevador, durante toda a descida nenhuma palavra foi dita, eu sentia que ele estava incomodado com algo, mas eu não queria ouvir mais uma história.
- Eu amo demais essa mulher
Fingi que não ouvi, eu não poderia dar corda, já estava cheio de ouvir as pessoas falarem de suas escolhas erradas na vida, eu realmente queria paz
- Porque é que ela não admite que me ama e a gente não acaba com esse inferno logo.
Não me agüentei:
- De que inferno você está falando?
- Era disso que eu queria falar com ela, hoje um homem me procurou dizendo saber do nosso caso, e que se eu não lhe pagasse uma boa quantia, ele iria contar tudo para o marido dela.
- Como assim caso?
- Saímos uma única noite, eu te juro, mas ele diz que sabe que a gente já está junto a muito tempo.
- Mas ele não tem como provar, se você diz que é mentira.
- Nós estamos errados, seja uma vez ou várias, o que fizemos não está correto, eu não devia ter aceitado isso, por mais que eu a ame, não é justo.
Sentamos num banco do lado de fora do prédio, e ele começou a chorar, ver aquele homem que tantos admirava no trabalho, ali aos prantos como uma criança me deixava ainda pior, ele então me contou a história desde o inicio, desde o dia que a conheceu, eles se apaixonaram desde o primeiro dia, desde então ele nunca mais teve olhos para outra mulher, mas também nunca passou dos limites com ela, pois respeitava ela e a sua família. Certo dia ele criou coragem de confessar a ela tudo o que sentia, neste dia, ela também lhe confessou estar apaixonada por ele, mas ela dizia não ter coragem de deixar o marido, por mais que soubesse que não era feliz com ele.
Durante muito tempo ficaram nas trocas de olhares, sabiam-se apaixonados um pelo outro, mas nada poderiam fazer, pelo menos ele, nada poderia fazer até que ela tomasse uma atitude. E então num dia em que havia brigado com o marido, ela resolveu se entregar a ele, e neste dia foi que o “inferno” deles começou.
- Cara, eu dava tudo pra ela só pra mim.
- Porque então você não deixa que esse cara conte tudo e abra o seu caminho.
- Não é assim que quero as coisas, se for pra tê-la eu quero por decisão dela.
- Este cara procurou ela também.
- Para que?
- Bom, prefiro que ela te conte, mas dadas as circunstâncias, é melhor você batalhar para tê-la, tenho a impressão de que o medo vai vencer o amor que ela sente por você.
- Acredite, seja qual for a quantia que ele pediu pra você, o que ele pediu pra ela é ainda mais precioso.
- Eu mato esse cara.
- E vai sujar ainda mais as tuas mãos?
- E o que você acha que devo fazer?
- Não posso escolher por você...
- Mas você pode me mostrar um caminho a seguir.
- Só posso lhe dizer o que eu faria.
- E o que seria?
Eu me arrependo de ter dito isso, acho que de certa forma eu escolhi por eles, fiz com que fizessem o que eu teria feito, e não necessariamente o melhor a ser feito.
- Eu daria um jeito de marcar com esse sujeito e com o marido dela, no mesmo dia, e abria o jogo com ele, falaria honestamente com ele o que estava acontecendo, mesmo sabendo que ele não iria compreender, mostraria para ele também o irmão sujo que ele tem, nesta hora quem sabe você não consegue fazer com que ele fale o que foi que ele pediu a ela.
- Eu não teria coragem.
- É verdade, é bem mais fácil ficar vendo tudo se perder, muito mais fácil abrir mão de um grande amor...
- Não estou dizendo isso.
- Nosso mundo é cheio de escolhas, neste momento você tem uma a fazer, correr o risco de ter a mulher que ama, ou de perdê-la para sempre, fazendo com que ela também perca sua vida própria.
- Do que você esta falando?
- Culpa, você sabe o que é ter culpa?
- E você acha que eu não estou me sentindo culpado?
- Mas a sua culpa é por tê-la ou por perdê-la?
Ele não respondeu, mas acho que entendeu o recado, se levantou, entrou no carro e se foi. Eu ainda fiquei ali por um tempo, refletindo sobre tudo o que aconteceu, ainda achava que me envolvi mais do que deveria nesta história, agora quem sentia culpa do que poderia vir a acontecer era eu.
Cabeças iriam rolar, faltava descobrir de quem.
Este é mais um capítulo do texto “Um mundo de escolhas”, você pode ler os outros capítulos nos links abaixo, a sequência do texto será disponibilizado nos próximos dias.
Um Mundo de Escolhas
Um Mundo de Escolhas – A Mulher
Um Mundo de Escolhas – O Homem
Um Mundo de Escolhas - A Criança
Quando saímos do elevador, quem esperava na porta dela era Julio, ela se surpreendeu, logo que aproximamos ele disse que precisavam conversar, ela nem deu ouvidos, acho que ela não suportaria uma conversa naquele estado, resolvi entrar na história, afinal de certa forma eu já estava envolvido:
- Julio, talvez não seja uma boa hora.
- Temos que acertar as coisas, sei que erramos, mas não posso pagar tão caro por isso.
Ela assustada indagou:
- Do que você está falando?
Eu não podia deixar aquela conversa estender mais ainda, mesmo sem saber do que ele estava falando, eu sabia que não era coisa boa.
- Julio, deixa ela descansar um pouco, ela precisa disso, amanhã vocês se falam.
- Eu quero ouvir o que ele tem a dizer.
-Amanhã a gente se fala Lú, não é nada demais não.
Eu percebi que ele estava mentindo, mas ele havia percebido que aquele não era um bom momento para a conversa que pretendia ter. Luciana entrou, e eu e ele entramos no elevador, durante toda a descida nenhuma palavra foi dita, eu sentia que ele estava incomodado com algo, mas eu não queria ouvir mais uma história.
- Eu amo demais essa mulher
Fingi que não ouvi, eu não poderia dar corda, já estava cheio de ouvir as pessoas falarem de suas escolhas erradas na vida, eu realmente queria paz
- Porque é que ela não admite que me ama e a gente não acaba com esse inferno logo.
Não me agüentei:
- De que inferno você está falando?
- Era disso que eu queria falar com ela, hoje um homem me procurou dizendo saber do nosso caso, e que se eu não lhe pagasse uma boa quantia, ele iria contar tudo para o marido dela.
- Como assim caso?
- Saímos uma única noite, eu te juro, mas ele diz que sabe que a gente já está junto a muito tempo.
- Mas ele não tem como provar, se você diz que é mentira.
- Nós estamos errados, seja uma vez ou várias, o que fizemos não está correto, eu não devia ter aceitado isso, por mais que eu a ame, não é justo.
Sentamos num banco do lado de fora do prédio, e ele começou a chorar, ver aquele homem que tantos admirava no trabalho, ali aos prantos como uma criança me deixava ainda pior, ele então me contou a história desde o inicio, desde o dia que a conheceu, eles se apaixonaram desde o primeiro dia, desde então ele nunca mais teve olhos para outra mulher, mas também nunca passou dos limites com ela, pois respeitava ela e a sua família. Certo dia ele criou coragem de confessar a ela tudo o que sentia, neste dia, ela também lhe confessou estar apaixonada por ele, mas ela dizia não ter coragem de deixar o marido, por mais que soubesse que não era feliz com ele.
Durante muito tempo ficaram nas trocas de olhares, sabiam-se apaixonados um pelo outro, mas nada poderiam fazer, pelo menos ele, nada poderia fazer até que ela tomasse uma atitude. E então num dia em que havia brigado com o marido, ela resolveu se entregar a ele, e neste dia foi que o “inferno” deles começou.
- Cara, eu dava tudo pra ela só pra mim.
- Porque então você não deixa que esse cara conte tudo e abra o seu caminho.
- Não é assim que quero as coisas, se for pra tê-la eu quero por decisão dela.
- Este cara procurou ela também.
- Para que?
- Bom, prefiro que ela te conte, mas dadas as circunstâncias, é melhor você batalhar para tê-la, tenho a impressão de que o medo vai vencer o amor que ela sente por você.
- Acredite, seja qual for a quantia que ele pediu pra você, o que ele pediu pra ela é ainda mais precioso.
- Eu mato esse cara.
- E vai sujar ainda mais as tuas mãos?
- E o que você acha que devo fazer?
- Não posso escolher por você...
- Mas você pode me mostrar um caminho a seguir.
- Só posso lhe dizer o que eu faria.
- E o que seria?
Eu me arrependo de ter dito isso, acho que de certa forma eu escolhi por eles, fiz com que fizessem o que eu teria feito, e não necessariamente o melhor a ser feito.
- Eu daria um jeito de marcar com esse sujeito e com o marido dela, no mesmo dia, e abria o jogo com ele, falaria honestamente com ele o que estava acontecendo, mesmo sabendo que ele não iria compreender, mostraria para ele também o irmão sujo que ele tem, nesta hora quem sabe você não consegue fazer com que ele fale o que foi que ele pediu a ela.
- Eu não teria coragem.
- É verdade, é bem mais fácil ficar vendo tudo se perder, muito mais fácil abrir mão de um grande amor...
- Não estou dizendo isso.
- Nosso mundo é cheio de escolhas, neste momento você tem uma a fazer, correr o risco de ter a mulher que ama, ou de perdê-la para sempre, fazendo com que ela também perca sua vida própria.
- Do que você esta falando?
- Culpa, você sabe o que é ter culpa?
- E você acha que eu não estou me sentindo culpado?
- Mas a sua culpa é por tê-la ou por perdê-la?
Ele não respondeu, mas acho que entendeu o recado, se levantou, entrou no carro e se foi. Eu ainda fiquei ali por um tempo, refletindo sobre tudo o que aconteceu, ainda achava que me envolvi mais do que deveria nesta história, agora quem sentia culpa do que poderia vir a acontecer era eu.
Cabeças iriam rolar, faltava descobrir de quem.
Este é mais um capítulo do texto “Um mundo de escolhas”, você pode ler os outros capítulos nos links abaixo, a sequência do texto será disponibilizado nos próximos dias.
Um Mundo de Escolhas
Um Mundo de Escolhas – A Mulher
Um Mundo de Escolhas – O Homem
Um Mundo de Escolhas - A Criança
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